Após 91 dias de greve, os servidores do Judiciário paulista decidiram hoje aceitar a proposta de reajuste salarial de 14% e retornar ao trabalho nesta terça. Foi a maior greve já feita pelos servidores do Judiciário no país.
O reajuste incidirá a partir do salário de setembro (que é pago em outubro) e deve atingir cerca de 49 mil trabalhadores ativos e inativos.
Os servidores do Judiciário chegaram a reivindicar inicialmente um aumento salarial de 39,19%, de acordo com o IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado) acumulado. Depois, decidiram pedir 26,39% de correção pelo INPC(Índice Nacional de Preços ao Consumidor).
Segundo o presidente da Associação dos Servidores do Tribunal de Justiça, José Gozze, o encerramento definitivo da greve está condicionado ao cumprimento das propostas negociadas com o Tribunal, como o pagamento dos dias parados.
"Se o TJ não cumprir, os servidores retomarão a greve", disse Gozze.
Os servidores propuseram fazer mutirões para colocar os processos em dia, mas o Trinunal descartou a idéia, segundo Gozze.
De acordo com levantamento da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil), a Justiça parou 100% em 16 cidades, entre elas, Ribeirão Preto.
No total, segundo a OAB, são mais de 12 milhões de processos parados, 1,2 milhão de processos represados, cerca de 450 mil audiências não realizadas.
Na última sexta, o Tribunal de Justiça havia prometido que não haveria punição aos grevistas que voltarem ao trabalho a partir desta quinta e que os dias parados seriam descontados apenas por meio de férias, licença-prêmio e outros créditos.
Confronto
Pela manhã, a polícia teve de intervir para evitar um confronto de grevistas e membros da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), que faziam manifestação pelo fim da paralisação do Judiciário na praça da Sé (centro da cidade).
Segundo a PM, houve bate-boca e a polícia teve de intervir. No entanto, não houve confronto e ninguém ficou ferido. Após o pequeno tumulto, os servidores do Judiciário seguiram para a praça João Mendes.
Integrantes da OAB defendiam a volta ao trabalho dos servidores. Segundo o presidente da Ordem em São Paulo, Luiz Flávio Borges D'Urso, o objetivo da manifestação dos advogados não era diagnosticar culpados, mas "tornar público o caos pelo qual passa a Justiça de São Paulo em decorrência da paralisação do Judiciário".
